[ANÁLISE] Uma casa dividida contra si mesma não subsistirá

Por Wéverton Correia

Padre Luiz Couto. Foto: Reprodução.

“Todo reino dividido contra si mesmo será arruinado, e toda cidade ou casa dividida contra si mesma não subsistirá”.

As palavras acima são de ninguém menos do que Jesus Cristo, o Deus e Salvador da Cristandade.

As palavras de Cristo, registradas no Evangelho segundo São Mateus, são uma verdade atemporal, que mostram que a divisão, a contenda ou a discórdia são os ingredientes ideais para a ruína, seja de um reino, de uma sociedade, de uma família e por aí vai.

Eu também posso afirmar, que a declaração de Jesus de Nazaré, encaixa perfeitamente, quando o assunto é a política.

Contudo, uma das figuras eclesiásticas mais proeminentes da política e bastante conhecida do povo paraibano parece ter esquecido dessa verdade cristã. Estamos falando do Padre Luiz Couto, o ex-deputado federal petista.

Entenda o Caso

João Azevêdo e Luiz Couto. Foto: Reprodução.

Couto, em 2018, saiu como candidato ao Senado na chapa de João Azevêdo (atual Governador da Paraíba), entretanto não logrou êxito na disputa, tendo sido muito bem votado (792.420 votos), mas ficando em terceiro lugar, atrás do Senador Veneziano Vital do Rêgo (MDB) e da Senadora Daniella Ribeiro (Progressistas), contudo à frente do ex-Governador Cássio Cunha Lima (PSDB).

Em 2019, foi nomeado para o cargo de Secretário de Estado da Agricultura Familiar e Desenvolvimento do Semiárido (SEAFDS), do Governo de Azevêdo, tendo pessoas de sua confiança em cargos importantes, como o ex-Presidente da Fundação de Desenvolvimento da Criança e do Adolescente “Alice Almeida” (FUNDAC), Noaldo Meirelles.

Tudo caminhava bem, até que uma decisão política mudou completamente todo o cenário e a relação do padre com o Governo. A decisão da qual me refiro foi a do ex-Governador Ricardo Coutinho (PSB) de candidatar-se a Prefeito de João Pessoa em 2020 (decisão frustrada, devido ao momento vivido com os desgastes da Operação Calvário).

A decisão tomada pelo socialista teve o apoio do Padre e de outros petistas que contra a deliberação da direção municipal – de apoiar o companheiro de partido, o deputado estadual Anísio Maia – apoiaram a candidatura do PSB, muito difícil, que teve como resultado um amargo sexto lugar e a frustração de quem achava que Ricardo seria reeleito Prefeito da capital.

Ricardo Coutinho e Luiz Couto. Foto: Reprodução.

Desde então, a situação nunca mais melhorou no PT. Após o impasse vivido nas eleições de 2020, o Padre Luiz Couto continuou com a sua postura, de oposição ao Governo e a quem decidisse continuar na base governista.

Eleições de 2022

Agora, em 2021, os debates em torno das eleições para o Governo do Estado e para o Governo Federal já estão acontecendo a todo vapor. Os parlamentares também se mobilizam para tentar a reeleição, tanto para a Assembleia Legislativa quanto para a Câmara dos Deputados. Exemplos claros disso são os Deputados Estadual, Anísio Maia e Federal, Frei Anastácio (PT), este último, com o qual o Padre Luiz Couto pretende disputar os votos da militância petista, em 2022.

Hoje (21), o respeitado clérigo, em entrevista ao Arapuan Verdade, declarou que as portas do PT estão abertas para Ricardo Coutinho disputar as eleições pelo partido (mesmo que a maioria dos seus correligionários não demonstrem a mesma abertura).

A postura de Couto é de rompimento total com o Governo do Estado. A postura dos companheiros de partido é pela manutenção na base e pelo retorno do PT a alguma das pastas do governo (com a provável indicação da ex-Secretária de Desenvolvimento Humano da Paraíba, Giucélia Figueiredo (PT) ao cargo ocupado por Luiz anteriormente), conforme sinalizado pela reunião de Anísio e Anastácio com João Azevêdo (Cidadania) também nesta sexta-feira.

Governador com os Deputados Frei Anastácio e Anísio Maia. Foto: Reprodução.

O líder da Juventude do PT no estado, Pedro Matias, também foi às redes sociais para criticar a fala do Padre na rádio.

Post no Facebook. Foto: Reprodução.

Pelo que vemos, a novela está longe de terminar e daqui pra frente, outros embates ainda serão realizados. Fica então a pergunta: o que deseja o tranquilo padre, com a discórdia que tem causado entre seus camaradas?

O momento, sem dúvida, seria o mais propício para a unidade na sigla, tendo em vista a organização para as eleições de 2022, com uma chapa forte para a Câmara Federal e para a ALPB – como ele mesmo disse na entrevista – além do próprio convencimento do PT ao Governador João Azevêdo para que este venha apoiar a candidatura do ex-Presidente Lula, no pleito vindouro.

João Azevêdo e Lula. Foto: Reprodução.

Talvez seja necessário ao presbítero retomar uma reflexão profunda das palavras de Cristo nas Escrituras e enxergar que uma casa dividida não subsiste. Além do mais, com essa postura, o religioso dificilmente será eleito Deputado Federal (pois não tem nenhuma base de apoio, nem do Governo nem da militância, que provavelmente estará com o também clérigo, Frei Anastácio) e por outro lado, acabará por atrapalhar o sucesso da campanha de Lula no estado da Paraíba, atitude que certamente não terá o perdão pela militância petista.

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